A Âncora e o Observador

Nosso corpo foi preparado para sempre estar em estado de alerta, condição que é intensificada pelo mundo virtual e, por isso, temos certa dificuldade de desacelerar. Mas, da mesma maneira que os músculos, o cérebro também se desenvolve com o treinamento. E porque não treinar a mente para relaxar e não analisar, julgar ou criar expectativas o tempo todo? 

A mente é muito tagarela. Mas é possível transpassar esses estímulos e entrar em um estado mais profundo. A Monja Coen exemplificou bem essa possibilidade nos lembrando de quando entramos no mar. No início sentimos as marolas e ouvimos diversos sons. Depois, quando mergulhamos e estamos em profundidade, percebemos sons diferentes, mais quietos, às vezes é como se não houvesse som algum. O mesmo vale para a MEDITAÇÃO. No início percebemos a tagarelice da mente, mas se continuarmos no trajeto acessamos níveis mais profundos da consciência.

Meditar independe da sua escolha religiosa ou nacionalidade. É uma capacidade da mente humana que é pouco desenvolvida e que pode ser REDESCOBERTA. Essa prática estimula o autoconhecimento e autocontrole e pode ser incluída na nossa rotina diária. Meditar é estar presente, atento ao Agora! Ou seja, você pode meditar, por exemplo, enquanto corre, faz suas refeições, toma banho. Ao longo do dia, podemos nos habituar a deixar fluir os pensamentos e sentimentos e estarmos conscientes e atentos ao nosso estado interior. 

A ciência já sabe que existem benefícios físicos, mentais, psicológicos e de produtividade advindos da prática meditativa. Meditar equilibra as funções do corpo – desde harmonizar o sistema imunológico até levar a um estado de envelhecimento mais lento. Mas, é preciso iniciar, exercitar e deixar ser transformado. 

Apesar das diversas maneiras de praticar presença, a experiência de sentar-se confortavelmente, mantendo a coluna longa e o foco na respiração e nas sensações do corpo, nos traz uma oportunidade única de exercitar a capacidade de OBSERVAR. Meditar é cultivar o autoconhecimento, e a respiração se mostra uma ferramenta poderosa nessa jornada. O corpo controla a respiração e a respiração controla a mente. No estado de atenção plena a esse ato que nos mantêm vivos, temos a oportunidade de sair do automatismo do dia a dia e ter uma melhor percepção do nosso estado íntimo. No início você pode perceber muitos pensamentos passando pela sua tela mental, sentimentos surgindo, análises e julgamentos pipocando. Mas a medida que a respiração ganha atenção, os espaços entre os pensamentos são ampliados e acalmamos a mente – estado que traz uma maior compreensão da realidade que nos habita.

É essencial compreender que a mente não é o problema, mas, sim, como a percebemos e utilizamos. As rédeas da sua vida são sua responsabilidade, não da sua mente! A todo instante, pensamentos acerca de situações do passado retornam, projeções para o futuro surgem ansiosos, mas será que precisamos alimentar tudo isso? Será que tudo merece o nosso tempo e a nossa análise?

Essa reflexão não termina por aqui! Na nossa próxima conversa vamos aprofundar um pouco mais sobre as histórias que a mente nos conta!

Outro ponto relevante é que a meditação não precisa se resumir a um momento específico e individual! Podemos escolher levar essa experiência para o nosso dia dia. A respiração se torna uma ÂNCORA para momentos em que você precise de clareza mental para tomar decisões ou para te auxiliar naquelas situações de desequilíbrio emocional. O OBSERVADOR que você cultiva nas práticas meditativas pode estar presente sempre, te auxiliando nas relações interpessoais e na percepção de pensamentos, emoções e reações no trato com você e com o outro. Um instrumento que tem o potencial de aumentar a sua percepção de mundo e te auxiliar a agir com consciência e não no automatismo, que, geralmente, é acompanhado da reatividade. Sendo assim, a meditação nos oferece outro presente: a noção de sensibilidade. Isso porque, quando nos voltamos para nós mesmos somos capazes de acessar as nossas imperfeições e de olhá-las com amor, percebendo que são aspectos a serem lapidados. Então, no momento em que enxergamos o mesmo no outro percebemos que o não julgamento fala mais alto, e o que prevalece é a compaixão.

Se você quiser aprender um pouco mais sobre meditação e técnicas de respiração, deixe o seu comentário aqui!

Mayara Milaneze Bastos 

Acredita que a transformação começa quando iniciamos nossa jornada interna e que a harmonia mente-corpo-espírito é resultado de escolhas, instrução e trabalho diário com foco no amor!

Mayara é idealizadora do Instagram @desperta_ae , professora de Hatha Yoga e Reikiana. 

Formada em Engenheira Ambiental, atua também como servidora pública.
E-mail: mayaramilaneze@hotmail.com